JOÃO
Eu chamo-me João, tenho 75 anos e vivo em Albufeira, embora tenha nascido em Viseu. Estou sentado na minha cadeira preferida, que fui eu que comprei há uns largos anos atrás. Como podem reparar, estou com um ar abatido, pois descobri que estou muito doente. Eu pensava que não era nada de grave, mas no outro dia fui ao médico e descobri que tenho um cancro no sangue, ou seja, leucemia. Para continuar vivo terei de fazer um transplante de medula óssea, mas até agora a única pessoa que encontrei com uma medula compatível à minha, não aceitou doá-la.Encontro-me agora em lista de espera. Sinceramente, não sei se vou conseguir aguentar isto, pois sou bastante idoso e não tenho forças suficientes para ultrapassar este problema. Ainda para mais porque estou sozinho, já que sou viúvo há nove anos e os meus filhos, simplesmente, não querem saber de mim. Vou tentar superar isto, por mais que saiba que vai ser muito difícil, mas eu tenho de lutar. Só espero conseguir encontrar uma medula compatível à minha, para recomeçar a minha vida do zero.
BEATRIZ E XANA JORGE
Eu chamo-me Jorge Sampaio. Já fui empregado da Câmara Municipal do Porto, mas os tempos foram mudando e eu fui subindo de posto. Entretanto, cheguei a Presidente da República. Casei e tive dois filhos: a Carla e o Tiago. Eles cresceram e juntos nós dávamos muitos passeios. Eu dava-lhes tudo o que eles queriam, mas como agora estou desempregado e sem dinheiro, os meus filhos já não me passam “cartão” nenhum. Eu até lhes escrevo algumas cartas de vez em quando (quando tenho dinheiro para os selos), mas eles não respondem. Durante muitos anos, depois de ser Presidente, andei a vender carteiras de senhora na feira, mas eles tinham vergonha. Era um trabalho honesto, eu nãovendia carteiras falsificadas! Era bom material. Infelizmente, a idade não perdoa e agora não tenho saúde para andar de feira em feira. Estou aquisentado a pensar no que vou fazer da minha vida, de que forma convenço os meus filhos a voltarem a dar-me atenção.
CARLA
RUI GONÇALVES
Olá, eu chamo-me Rui Gonçalves e tenho 56 anos. Sou presidente da empresa COLIDE. Hoje vai haver uma assembleia para decidir quem vai ficar com o meu lugar de director geral. Há cinco candidatos, o Cavaco Silva, o António Morais, o Francisco Gomes, a Filipa Martins de Mello e a Margarida Salgado. E eu, para ganhar terreno, resolvi marcar uma reunião com os sócios da COLIDE para dizer que vou fazer tudo para que ninguém fique com o meu lugar e para isso acontecer é preciso que eles votem. Quando há estas reuniões, a minha querida Esmeralda diz sempre para eu mesentar nesta cadeira, porque quando as pessoas estão ansiosas esta cadeirafaz “magia”: dá sorte. Eu acredito, porque nas outras vezes, quando havia reuniões, eu sentava-me nesta cadeira e aconteciam coisas espectaculares. Nessas reuniões, eu estava cheio de sorte e foi assim que eu continuei a ser o director geral. Hoje espero que me dê sorte, mas não sei… sinto que vou perder. Vou ficar muito triste e zangado.
SANDRA CABRAL
SAMPAIO
Eu chamo-me Sampaio e fui Presidente da República, agora já não sou porque perdi o cargo porque só prometia e nunca cumpria com as minhas palavras. Agora estou a pensar numa maneira de conseguir conquistar tudo o que perdi, vai ser muito difícil convencer o povo todo aceitar as minhas ordens porque já quase ninguém acredita em mim. Eu gostava de ser Presidente porque tudo o que tenha a ver com política é comigo. Se não conseguir ser Presidente da República , espero ao menos ser presidente da Câmara de Lisboa.
MARISA E CARLOS
JORGE
Eu chamo-me Jorge Sampaio e já fui Presidente da República. Neste momento estou desempregado porque tenho 63 anos e já ultrapassei a idade para estar na Presidência. Gostava muito da minha carreira, mas a vida é assim. Às vezes passo pelo gabinete para fazer uma visita aos meus grandes amigos e para matar as saudades. O meu dia a dia é muito complicado, todos os dias leio o jornal para procurar emprego, mas está muito difícil. Já fui muitas vezes a entrevistas mas tenho tido azar, a minha esposa é que trabalha para pagar as despesas da casa. Ela é dona de um cabeleireiro mas a situação está muito má, ela vai ter de vender porque trabalhar por conta própria é muito complicado. Eu tenho um filho chamado Francisco que já é casado e tem a sua própria casinha. Ás vezes ele vem visitar-nos para saber se esta tudo bem connosco.
SORAIA, SANDRA SILVA E ANDREIA
MANUEL ANTÓNIO
Eu chamo-me Manuel António, tenho 65 anos,vivo em Lisboa e sou pintor.Este sou eu sentado no meu cadeirão amarelo com pêlo branco que é muito fofinho.Este quadro foi pintado por mim.Atrás de mim está uma cortina verde que me foi oferecida pela minha filha aria. Na mesinha está uma nazarena de porcelana que trouxe de uma vez que fui a Fátima com a minha família.No chão está uma carpete branca, dourada e azul que são as minhas cores preferidas. Se repararem as paredes também são douradas. Naquele dia estava a olhar para a janela, porque estava um dia de chuva. São os meus dias de sorte. Neste dia, descobri que eu ia ser avô, fiquei tão contente!
SARA
JOSUÉ
Eu chamo-me Josué e sou de Lisboa este e o quadro que eu pedi a minha amiga Paula Rego para me desenhar para que eu ficasse com uma recordação de quandofui Presidente da República. Belas viagens que eu fiz (nem me quero lembrar disso, senão fico já comovido). Bem, agora como não trabalho, “curto” a vida: passeio com os meus netos e bisnetos. Pelo menos já não aturo os meus filhos, porque já são crescidos.
RÚBEN
SAMPAIO
Chamo-me Sampaio tenho 59 anos e moro na rua D. Afonso Henriques. Já fui presidente, mas agora já não sou porque me reformei há 4 anos. Como agora não trabalho, aproveito a vida para fazer coisas de que gosto, por exemplo: gosto de ir ao cinema, dar passeios, estar com os meus netos e a minha família. Agora, estou a morar só com a minha esposa, que se chama Margarida, mas até há pouco tempo morava um filho nosso, connosco.Há um mês, fizemos uma viagem a Nova Iorque, ao sítio, onde caíram as torres gémeas, estávamos muito curiosos para ir lá outra vez, sim, porque desde que as torres gémeas caíram até hoje não tínhamos ido lá. Gostámos muito e a Margarida aproveitou para fazer umas compras. Comprou imensas coisas para ela e para mim só esta gravata de seda. Ela não faz por mal, mas sempre que vê uma loja que goste ela não resiste e vai fazer compras para ela e só às vezes para mim. Muitas vezes eu vou com ela, mas só quando não tenho nada para fazer, pois não gosto muito de ir. Não é pela Margarida, é porque acho que é uma coisa para mulheres e não para mim. Pois é assim a vida que eu gosto de ter. Fiquem bem.
IVO
MANUEL
Eu chamo-me Manuel. Estou reformado. Quando trabalhava era advogado. Gostava muito do que fazia, mas agora apetece-me descansar. Quero ver os meus netos a crescer. Vivo num apartamento em Lisboa, e desde que a minha mulher morreu nunca mais saí de lá. Fiquei muito chocado quando ela morreu, mas pelo menos deixou-me uma filha chamada Raquel, que tem 19 anos. A minha falecida mulher chamava-se Marisa, tinha 39 anos, quando faleceu. A Raquel, a princípio não sabia de nada, era difícil contar-lhe, mas teve mesmo que ser. Contei-lhe, mas ela não aguentou e começou logo a chorar. Ficou triste durante muito tempo,deixei-a faltar às aulas porque ela não aguentava. A boneca de vidro que está à minha beira, fui eu que lha ofereci no seu aniversário. Nunca vou deixar esta boneca: é uma recordação da Marisa. Estou sentado nesta cadeira para reflectir, por que é que ela morreu, sinto a falta dela: foi a minha única mulher, o meu único amor. Logo no primeiro dia que a vi apaixonei-me. Casámos, tivemos uma filha e estivemos juntos muitos anos. Adorei osmomentos que passei com ela. Agora tenho que seguir em frente, eu e a minhafilha Raquel. Nós, os dois, somos agora uma família, mas o que queríamos era a Marisa: ela era tudo para nós.
RAQUEL
FERNADO MIGUEL
Eu chamo-me Fernando Miguel, e tenho 79 anos neste momento moro no Porto, apesar de ter nascido em Lisboa, vim de lá há uns meses. Estou sentado na minha cadeira de pele favorita, comprei-a no ano passado, por isso estáneste momento no meu escritório, pois tenho tido muito trabalho. Tenhoandado um bocado em baixo pois este trabalho não é um trabalho qualquer é preciso ser-se jovem, que é coisa que não sou.Sou presidente, um presidente muito conhecido, aqui estou mais pronto do que nunca para outra assembleia e ainda há 20 minutos atrás tive uma reunião. Isto torna-se muito cansativo pois já não caminho para novo. Tenho pensado muito neste assunto e decidi que quero a reforma.Como podemos ver este homem (Fernando Miguel) está sentado numa cadeira depele, de pés cruzados e de fato preto com gravata vermelha às riscas brancase sapatos pretos à espera da sua reforma. Atrás de si está uma mesa com umatoalha vermelha e uma boneca verde e vermelha. Os cortinados do escritóriosão verdes e a carpete é bege com riscas amarelas e azuis.
RUTE